Congresso FACE matéria

O Estado deve se desorganizar para retomar atividade econômica

 Matéria do Jornal UFG.

Por Amanda Birck

O Brasil, precedido pelos Estados Unidos, é um dos países que possui o pior manejo de crise com a pandemia do novo coronavírus. Para o professor Everton Sotto, palestrante da abertura do Congresso Face 2020, a maior preocupação não é mais apenas o vírus, mas sim a resposta que os governantes demandam. “A tragédia não está apenas em uma pandemia que não há como controlar ou inibir, mas há como se defender, e a defesa, em minha opinião, é nosso maior desafio.”

 

Congresso FACE matéria
O primeiro dia de Congresso foi prestigiado pelo reitor Edward Madureira, com a primeira palavra junto do diretor da Face, Moisés Cunha.

Com o tema “Consequências econômicas e sociais da pandemia Covid-19”, o evento de inauguração integrado ao 17° Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão teve a presença do diretor da Face, professor Moisés Cunha, da vice-diretora Andréa Lucena, dos professores Everton Sotto e Cleidinaldo Rosa, além de mediação do professor Thiago Alves e participação especial do reitor Edward Madureira. A abertura foi realizada no canal oficial de YouTube da UFG.

Segundo Sotto, em virtude da situação de pandemia vivida pelo país, o Brasil está em período de recessão técnica, definida como uma forte queda no crescimento da economia ocasionada por indicadores característicos. Com uma perda acumulada de 5.9% do PIB nos dois primeiros trimestres, o professor reflete sobre como o país deve lidar com situações de crises profundas, exemplificando com eventos históricos como a Gripe Espanhola de 1918 e a Grande Depressão de 1930.

Em relação à possibilidade das iniciativas privadas amenizarem o impacto econômico da pandemia, revitalizando o setor público, Everton Sotto comenta que o desafio de tais recessões é que a iniciativa privada não possui capacidade de reação sem políticas de estímulo. A solução, para ele, implicaria na confiança depositada no futuro. “É o cenário que nós gostaríamos que acontecesse. Que a iniciativa privada tomasse as decisões de gasto, capitaneasse o investimento privado e começasse esse circuito virtuoso da geração de emprego e ampliação da arrecadação tributária do Estado.” O professor pontua ainda que o Estado deveria se desorganizar profundamente para tentar reativar a atividade econômica.

Medidas governamentais

Ainda utilizando-se de exemplos históricos para criar um panorama sobre a situação do país, o professor relembra o período pós-guerra da Inglaterra e a tomada de decisões equivocadas do primeiro-ministro em relação aos acontecimentos atuais. “Eu entendo que muitas das consequências econômicas da pandemia não ocorreram simplesmente por causa do choque inesperado do vírus, mas sim por políticas econômicas que foram adotadas antes da pandemia. São consequências econômicas das medidas econômicas.”

Para o palestrante, o controle de danos causados pela pandemia independe de setores singulares que alavancam a economia, como o agronegócio, que representa apenas 5% do PIB. A solução dependerá da recuperação do emprego industrial, do setor industrial e de serviço. “Para a economia crescer, tem que gastar dinheiro. Empresários, família, o Estado. Mas quem quer gastar dinheiro?”

Fonte: Secom UFG

Categorias: Congresso FACE 2020 Conpeex 2020

URL relacionada: https://jornal.ufg.br/n/134814-o-estado-deve-se-desorganizar-para-retomar-atividade-economica