Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 169, junho de 2024
Em Goiás, são várias as motivações para a entrada de turistas. O estado possui municípios que atraem muitas pessoas por conta do turismo religioso (como é o caso de Trindade, com a Romaria do Divino Pai Eterno), em busca de serviços de saúde, eventos de negócios ou para aquisição de produtos para revenda em outras localidades. Além disso, conta com recursos e belezas naturais diferenciadas, como águas termais, cavidades subterrâneas naturais e diversas paisagens naturais vocacionadas para realização de atividades ao ar livre e ecoturismo, tais quais o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, Parque da Serra dos Pirineus e o Parque Nacional das Emas.
Muito embora não seja um dos estados preferidos pelos turistas, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE atestam que as atividades turísticas empregam relativamente mais do que outras importantes atividades econômicas em Goiás, como as atividades imobiliárias, informação e comunicação, atividades financeiras e de seguros, atividades profissionais, científicas e técnicas e mesmo a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. Com isso, em 2022 as atividades turísticas reuniam 4,3% do total de pessoas ocupadas em Goiás, percentual que é próximo da média nacional (4,6%) e coloca o estado na 12ª posição dentre os 26 estados e o Distrito Federal.
Além da sua relevância do ponto de vista econômico, o setor de turismo talvez seja o mais adequado para que o potencial econômico do território goiano seja aproveitado, dadas as suas características naturais e culturais. Isso porque o turismo é um setor que se vale dos recursos e das belezas naturais sem necessariamente consumi-los, nem esgotá-los, contribuindo para o desenvolvimento local. Em outras palavras, o setor de turismo possui significativo potencial para promover o desenvolvimento econômico local, com aliança estreita com a preservação da natureza, dado que esta pode ser explorada economicamente sem que seja destruída. Adicionalmente, o turismo pode estar associado ao desenvolvimento local por meio da valorização das atrações históricas e dos patrimônios naturais e culturais existentes em alguns municípios, como naqueles que compõem a Região do Ouro no leste e noroeste de Goiás.
Foi justamente essa relevância que nos motivou a realizar um trabalho com o objetivo de analisar os principais determinantes da demanda de turismo de Goiás. Foram utilizadas informações dos anos de 2012 a 2023 e a metodologia empregada observou as melhores práticas recomendadas pela literatura especializada no tema.
Os principais resultados desse trabalho dão pistas de que as variáveis representativas dos custos de viagens (distância, preços das passagens aéreas e fronteira comum entre os estados) se mostram relevantes para explicar a entrada de turistas em Goiás, assim como a existência ou não de linha direta de ônibus das capitais de outros estados para Goiânia. Como a distância aumenta o custo da viagem e, por conseguinte, o preço da passagem aérea, muitos turistas acabam tendo que realizar suas viagens de ônibus. Quando existe uma linha direta de ônibus, essa viagem se torna mais fácil, rápida e mais barata, estimulando o setor turístico goiano.
Outras variáveis utilizadas como proxies do tamanho dos mercados dos estados de origem dos turistas (PIB e população) também são importantes para explicar a dinâmica das atividades turísticas do estado de Goiás. A indicação para as empresas e instituições públicas do ramo de turismo em Goiás é de que suas campanhas de divulgação do turismo podem ser mais eficientes se forem feitas nos estados maiores e mais ricos do país. Os resultados indicam também que pode ser interessante intensificar tais campanhas durante as crises econômicas, haja vista que tais crises deprimem a demanda de turismo em Goiás.