Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 139 /novembro de 2021

Equipe Responsável: Prof. Dr. Edson Roberto Vieira e Prof. Dr Antônio Marcos de Queiroz

 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE divulgou os dados do Produto Interno Bruto – PIB, relativos ao segundo trimestre de 2021, mostrando que, tecnicamente, o país entrou em recessão. Isso porque, a economia brasileira atingiu dois trimestres consecutivos de queda do PIB (-0,4% no segundo trimestre e -0,1% no terceiro), o que caracteriza a recessão técnica. De uma lista de 51 países que tiveram a variação do PIB do terceiro trimestre de 2021 já divulgada, o Brasil apresentou o 19ª pior resultado, sendo que, desse grupo, 30 países tiveram desempenho positivo de suas respectivas economias. Com isso, já se fala em crescimento de 4,5% para este ano de 2021, ante projeções de mais de 5,0% que vigoraram, sobretudo, após a divulgação do PIB do primeiro trimestre, feita pelo IBGE no meio do ano.

Trata-se de um resultado pouco animador, tanto para o mercado, quanto para as famílias, vindo em um momento em que o país ainda conta com mais de 13,5 milhões de pessoas desocupadas, mesmo considerando a queda desse contingente anotada pelo IBGE na última divulgação da sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Pnad-C. De acordo com essa pesquisa, a taxa de desocupação do país caiu de 14,2% para 12,6% na passagem do segundo para o terceiro trimestre desse ano, levando o número absoluto de pessoas desocupadas a cair 9,3% no mesmo período. Mesmo assim, tal número permanece elevado e tem sido reduzido muito em razão do aumento da informalidade, que ultrapassa 40,0% do total das pessoas ocupadas.

O mercado de trabalho goiano seguiu a tendência nacional e apresentou queda da taxa de desocupação, que passou dos 12,6%, registados no segundo trimestre, para 10,0% no terceiro trimestre de 2021. Também seguindo a tendência nacional, a informalidade da mão de obra no estado permanece alta, situando-se em cerca de 41,0%. Como resultado desse cenário ainda apertado no mercado de trabalho, e também em decorrência da inflação (que medida pelo IPCA ultrapassa a casa dos dois dígitos nos últimos doze meses), a renda média do trabalhador no estado caiu 2,5% na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

Para o próximo ano, a economia brasileira se defrontará ainda com grandes desafios para garantir um crescimento mais robusto. A inflação continua alta e, com ela, também a taxa de juros, encarecendo o crédito para o consumo e desencorajando os investimentos necessários para aumentar a capacidade produtiva. Além disso, o desemprego em patamar elevado e a renda real da população em queda reduzem o tamanho do mercado consumidor, tornando o ambiente de negócios mais incerto. Não por acaso, a expectativa de crescimento da economia doméstica para o próximo ano apurada pelo Relatório Focus vem diminuindo e atingiu 0,58% na última divulgação realizada pelo Banco Central no mês de novembro. 

Algum alento em relação a esse cenário decorre da aprovação da PEC dos Precatórios. Se, de um lado, essa aprovação sinaliza uma quebra do compromisso com o controle fiscal, gerando incerteza no mercado, por outro, abre espaço para aumento das despesas do Governo Federal, com impactos positivos sobre o PIB. Resta saber o que pesará mais na balança: se a possibilidade de haver contração dos investimentos por conta do aumento da incerteza ou o crescimento da produção e o aumento do consumo decorrentes da elevação dos gastos públicos.