Boletim de Conjuntura de Goiás

FMI reduziu expectativa de crescimento da economia brasileira para 2022

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – Nº 141, janeiro de 2022

 

 

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 – IPCA 15, conhecido como prévia da inflação oficial, atingiu 0,58% no primeiro levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE no ano de 2022, mostrando que a inflação brasileira iniciou esse ano abaixo da registrada em janeiro/2021 (0,78%), mas acima da esperada pelo mercado. Dos nove grupos divulgados pelo IBGE, oito apresentaram alta em janeiro/2022, sendo as maiores registradas pelos grupos de Vestuário (1,48%), Artigos de residência (1,40%) e Comunicação (1,09%). 

 

O grupo de Transportes registrou queda em janeiro/2022 (-0,41%), mas continua registrando significativos aumentos nos últimos 12 meses (20,68%). Ademais, considerando que o período de levantamento do IPCA-15 foi de 14 de dezembro/2021 a 13 de janeiro/2022, é certo que o indicador divulgado agora pelo IBGE não tenha captado os novos reajustes da gasolina e do óleo diesel promovidos pela Petrobrás no último dia 11 de janeiro/2022. Se tais reajustes forem completamente repassados para os consumidores finais, serão mais do que suficientes para anularem a variação negativa do grupo de Transportes registrada pelo IPCA-15. 

 

Enquanto o IPCA-15 aponta queda de 1,78% do preço da gasolina, o aumento anunciado pela Petrobrás para esse item foi de 4,85%. Embora o preço do etanol não seja estabelecido pela Petrobrás, esse processo abre espaço para elevação, haja vista que a relação entre seu preço e o da gasolina pode ficar abaixo de 0,7, que representa o gatilho geralmente utilizado pelos condutores de veículos no momento de sua decisão entre um e outro combustível. Já no caso do óleo diesel, o aumento de 0,20% registrado pelo IPCA-15 pode se somar ao reajuste de 8,08% realizado pela Petrobrás.

 

Em Goiânia, o IPCA-15 apresentou a mesma tendência verificada em nível nacional, com taxa de 0,51% em janeiro/2022, ante 0,89% em janeiro/2021, também por conta especialmente do grupo de Transportes, que variou -0,76% e 0,55%, respectivamente, nesses dois períodos. Dos nove grupos do IPCA-15 divulgados pelo IBGE, além da queda do grupo de Transportes, houve ainda variação negativa do grupo de Habitação (-0,14%), capitaneada pelo preço da energia elétrica (-1,60%) e pelo preço do gás de botijão (-0,66%), dois itens com grande peso no cálculo da inflação e que vêm apresentando significativos aumentos nos últimos 12 meses. Tal qual ocorreu em nível nacional, a inflação goianiense foi puxada principalmente pelo grupo de Alimentação e bebidas, que subiu 0,97% no Brasil e 1,72% em Goiânia. As maiores altas no município foram registradas pelas frutas (7,9%) – com destaque para a banana prata (36,8%), abacaxi (16,8%) e mamão (13,5%) – cebola (9,6%), tomate (7,0%), carnes (2,91%) e panificados (2,19%).

 

O ano se iniciou com uma nova onda de contaminações de pessoas pela Covid-19, agora alavancada pela variante ômicron, a qual pode redundar em novos problemas de oferta, com quebra das cadeias globais de suprimentos. A ameaça de elevação da taxa de juros pelo banco central dos EUA, Federal Reserve, os riscos de descontrole fiscal e as tradicionais incertezas que permeiam o país em um ano de eleições majoritárias devem continuar pressionando a taxa de câmbio e dificultar grandes acomodações dos preços das commodities agrícolas e minerais, que vêm sendo causa de boa parte da inflação brasileira desde o início da pandemia da Covid-19.

 

A alta da inflação se soma à deterioração do mercado de trabalho e vem desencadeando um processo de queda da renda real dos trabalhadores, intensificando a desigualdade social e reduzindo o tamanho do mercado consumidor. Depois de atingir o patamar histórico de 2,0%, a taxa Selic assumiu uma trajetória de alta, que ainda não teve fim, e deve ultrapassar os dois dígitos até o final desse ano. 

 

Essas não são boas notícias do ponto de vista do crescimento econômico. No seu relatório divulgado nesse mês, o Fundo Monetário Nacional – FMI reduziu a expectativa de crescimento da economia brasileira em 2022 para 0,3%, retificando a estimativa de 1,5% que fez parte do seu relatório divulgado em outubro do ano passado e acompanhando a onda de redução das projeções desse indicador compiladas pelo Banco Central no seu boletim Focus. Vejamos ao longo do ano se o país consegue, de alguma forma, evitar que essas projeções se materializem.

 

 

 

Fonte: Ascom | FACE